domingo, 30 de dezembro de 2012

Bonne Année à Tous!

Grande Allée
É o que desejamos! Que 2013 seja um ano cheio de realizações para todos nós, que muitas pessoas pisem nas terras quebequenses e que muitas pessoas ganhem seus CSQs, seus vistos de residência permanente, que consigamos notas boas no TCF-Q e que apliquemos para o processo ainda esse ano!!!!! E vamos agradecer pela oportunidade de em breve vivenciar tudo isso nesse país maravilhoso que será nossa casa.

Pra ajudar na energia positiva, um video do Réveillon (que nos pareceu bem animado) na principal avenida de Ville de Québec, a "Champs Élysées" de lá, Grande Allée:

Que essa energia tome conta dos seus corações e traga muita alegria em 2013!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sessão Francófona - 2

O segundo filme da nossa sessão francófona não é québécois, mas é FANTÁSTICO. Intouchables supera as expectativas. Ele conta a estória de um milionário tetraplégico e seu cuidador senegalês ex-presidiário.

O bonito é como um ensina o outro a viver e retomar suas vidas de onde parou. Sem dúvidas, um dos melhores filmes franceses que já assistimos. Principalmente porque é baseado em fatos reais. Deve ser por isso que foi o filme mais assistido na França em 2011 e o mais rentável filme francês da história.

Destaque para o ator Omar Sy, que faz o cuidador do tetraplégico. Ganhou muito merecidamente o César de melhor ator nesse ano de 2012 por essa atuação e realmente ele dá um show nesse filme.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pensamento positivo!

Neva a cântaros na Belle Province hoje... escolas foram fechadas e já há 40cm de neve nas ruas. A temperatura é de zero grau, ideal pra colher maple syrup! Mas pra quem vai curtir a neve em casa, deve estar uma delícia.

Enquanto isso, sofremos com o suspense sobre os processos de imigração. O drama se deve ao fato de que o Processo Federal (suspenso no ano de 2012) vai ser reaberto, porém com muitas mudanças. Será que essas mudanças afetarão os processos provinciais? Com um governo mais conservador que está organizando a imigração canadense de modo que o país receba trabalhadores mais qualificados, fica a dúvida. Até mesmo porque há rumores de que a intenção é criar um banco de profissionais qualificados onde o candidato a imigração se inscreveria e somente os escolhidos pelas províncias seriam convidados a aplicar para o processo de imigração. De qualquer forma, ainda acreditamos que o nosso diferencial é o francês. Não é todo mundo que tem a coragem de se aventurar em outra lingua, aprender do zero pra mudar de país.

Por causa disso, nossa esperança é que Québec continuará um pouco mais fácil de se imigrar (ou menos difícil?). Se eles tentarem apertar muito o parafuso, espana e vai todo mundo pra parte inglesa. Mesmo assim, há rumores de mudanças desagradáveis para março de 2013, como filhos não valerem mais pontos. Até lá são apenas especulações, mas pra quem está apostando todas as fichas na imigração, cada notícia mesmo que extra-oficial é de causar um certo pânico.

Por isso, nosso objetivo maior em 2013 é arrebentar no francês para que Mère tire C1 e Père B2. Quanto maior a nota, menos durará o processo provincial podendo até eliminar a necessidade de entrevista. Queremos dar entrada no processo no final de 2013, mais tardar começo de 2014. Estamos com o forte pressentimento de que não podemos mais dormir no ponto. Vida de candidato a imigração não é mole. Se não infartarmos até chegarmos no Canadá, não infartamos mais!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Le temps des fêtes à Québec!

Se, assim como nós, você está desanimado, suando nesses 34 graus na sombra, sem vontade de estudar francês, uma injeção de ânimo:

Yes, we can!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

J'adopte un Pays

Esse post pode parecer inútil pra quem já está no processo há algum tempinho porque falaremos de um casal bem conhecido entre os aspirantes a quebécois. Mas se você caiu de para-quedas nesse blog e na estória de imigrar para o Québec, com certeza vai gostar.

Pra quem ta no comecinho dessa busca, tem alguns documentários que consideramos obrigatórios de se assistir. O primeiro que nós vimos foi o J'adopte un pays. Pra nós ficou muito evidente a questão de deixar as pessoas queridas aqui e da dificuldade da língua, o desafio do primeiro emprego lá. Mas o que mais chamou atenção foi essa loucura toda de imigrar sem conhecer o país escolhido (nosso caso).

Nós nos vimos nesse documentário inúmeras vezes. Tanto por identificação como também um alerta pra não cometer os mesmos equívocos, como é o caso da língua. Também nos pareceu que o casal levou menos dinheiro do que o necessário pra segurar a barra no começo até arranjar um emprego. Mas pelo que entendemos, eles não tinham mesmo como desembolsar uma grana alta (nosso caso II) e na época deles sabia-se menos das sacadas pra imigrar para o Québec. Nos pareceu que a grande sorte deles foi ter um grande amigo, Erasmo, já em Québec que os recebeu de braços abertos, como ele mesmo fala e que ajudou bastante nesse começo difícil.

Aqui tem um testemunho do Erasmo e da esposa, Elaine, sobre a imigração deles no Québec:

Pra quem quiser ver o documentário pelo youtube, tem ele completo dividido em 20 partes, se não nos enganamos. Essa é a primeira:

Sem dúvida, o casal é bem carismático, o que nos fez querer saber se deu tudo certo pra eles, afinal de contas...e deu! Descobrimos que após 4 anos de Québec, Patrick e Valéria já compraram a casa própria e têm uma filhinha. Patrick também comentou que se pudesse voltar no tempo e fazer algo diferente, teria imigrado direto para Ville de Québec, onde reside atualmente, ao invés de Montréal. Uma pena que a entrevista que escutamos via podcast não esteja mais no ar.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Podcast - Imigrando para Montréal / Québec


Salut, mes amis!

Esse podcast ta bem interessante. Trata-se de uma entrevista do Terra Estrangeira com a Fernanda Madi. Dentre os assuntos abordados com bastante humor, está o famoso inverno onde Fernanda conta que seu ipod congelou em poucos minutos de caminhada, a eterna briga entre inglês e francês e como Montréal muda de língua conforme o bairro, processo de imigração e outras coisas que valem a pena escutar o podcast todo. Nem tudo é novidade, mas acreditamos que informações que são confirmadas por muita gente têm maior chance de ser a realidade do país/província. Tem algumas dicas bacanas também.

Clique aqui pra ouvir o podcast!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

La Vie en Rose


E então estamos nós correndo atrás dos sonhos. Os tempos ainda são difíceis, mas a luz no final do túnel começa a ser avistada, ainda que bem de longe. Mère recebeu uma proposta para trabalhar na Itália um pouco antes de conhecer Père. Na realidade, ela não estava interessada em romance nessa época. Mas Père insistiu bastante e conseguiu conquistar Mère a ponto dela deixar a Itália de lado pra ficar com ele. Mas não foi uma paixonite inconsequente. Foi um comprometimento de ambos com uma vida a dois onde um apoiaria o outro em todos os desafios da vida e Québec é mais um deles. 

Desentendimentos são normais e algumas vezes até saudáveis. E quando o amor parece ter esfriado, eis que vencer os obstáculos faz com que todos os sentimentos ganhem força maior ainda. A paixão passa, mas o amor construido com lealdade e comprometimento vence qualquer barreira. Nesse momento estamos com a economia para Québec bem guardada e contando moedas no dia a dia. O chuveiro queimou e vamos ficar tomando banho turco até o próximo salário de Père. Os trocados restantes são somente pra comer. Fácil não é mesmo. Mas o amor e a confiança mútua ajudam a tornar a vida um pouco mais cor-de-rosa

Père teve que dar um tempo no francês novamente. O motivo atual é muita correria. O professor de francês está sem horário pra sábado, o jeito é esperar surgir uma janela. mas Mère continua firme e forte nas aulas. As vezes dá a impressão de que somos a família mais atrapalhada com indas e vindas no processo, mas essa é a nossa estória. Se tudo der certo no final, os atrapalhados como nós podem ter esperanças! Ou talvez estejamos omitindo menos do que a maioria. Dizem que o caminho do sucesso não é uma linha reta como parece ser e se assemelha mais a um labirinto com erros e acertos. Mesmo aquilo que parece ser uma insanidade, como no caso de se largar uma oportunidade no exterior pra viver um amor, pode resultar em algo bem melhor no futuro. Canadá com uma família bonita é bem mais interessante do que Itália na solidão. Ainda mais agora com a crise feia que está na Europa!

Então, fazendo um link com a nossa estória de amor e o francês, nada mais apropriado do que a música de Edith Piaf: La vie en rose. Mas nós, particularmente, achamos que Piaf é França e França é Piaf, por isso preferimos a versão de Grace Jones, que inclusive combina mais com o jovem Canadá bilingue. 


Des yeux qui font baisser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens

Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça me fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Donc je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat

When he takes me in his arms
and whispers love to me
everything is lovely
It's him for me and me for him
all our lives
and it's so real what I feel
this is why

Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi, mon coeur qui bat
la vie

La vie en rose,la vie en rose
ooooh ... la vie
La vie en rose,

La vie en rose,la vie en rose
la vie en rose ,la vie en rose
la vie en rose , la vie en rose
la vie en rose, la vie en rose

Je t'aime pour toujours, mon amour

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Inconvenientes do Québec - parte 1: L'hiver


Todo mundo fala do tal inverno rigoroso, então vamos a ele. Quisemos começar a série "inconvenientes do Québec" pelo inverno (apesar de não concordarmos que seja um inconveniente) também pra ver se dá uma refrescada na alma já que esse inverno brasileiro de 2012 tá de dormir sem roupa com o ventilador na cara. Sabemos que para muitos, as informações a seguir são básicas e manjadas, mas para alguns podem ser muito úteis e como não criamos um blog pra reter informações pertinentes, aqui vai o que sabemos até então (sujeito a edições conforme novas informações surgirem).
Há muitas coisas a se considerar antes de decidir por imigrar em um país e a temperatura é uma delas. As quatro estações no Canadá são muito definidas (não vemos a hora de vermos de fato a mudança de estações porque aqui é igual o ano inteiro e parece que nesse verão vai ficar pior). Voltando ao Canadá, no inverno a temperatura pode chegar facilmente a -35°C. Então é bom entender como é a temperatura durante o ano pra tentar visualizar como seria a sua vida por lá:
imagem:  meteomedia
O inverno quebécois muda conforme a região. Em Ville de Québec, costuma ser mais frio, principalmente a sensação térmica, em relação a Montréal. Acontece que venta bastante e se você morar perto do rio, a umidade será maior, o que piora a sensação de frio. Portanto, enfrentar -30°C em Montréal é completamente diferente de enfrentar essa mesma temperatura em Québec. Conheço pessoas que contam que andam pelas ruas de Montréal em pleno inverno numa boa (desde que devidamente vestidos) mas não aguentam ficar 5 minutos do lado de fora em Québec. Depois de muitas andanças pelas ruas de Québec através do "street view", consideramos Ville de Québec mais bonita, mas realmente há esse preço a se pagar durante o inverno. Mas não se iludam: no Canadá também faz um calor insuportável, muitas vezes há alertas para períodos de chaleur accablante. Por isso é bom não menosprezar o verão deles também. Há também tempestades de neve perto dos grandes lagos. 

Então, vamos estudar um pouco de geografia e história quebécois:
- O Rio Saint Laurent é um rio que liga os grandes 5 lagos da América do Norte com o Oceâno Atlântico. Pra nós é importante saber que um desses lagos é o Ontário (os outros estão nos EUA). No final dele começa o Rio Saint Laurent que passa pelas províncias de Ontário e Québec no Canadá e por Nova York nos EUA, e termina no maior estuário do mundo, o Golfo de Saint Laurent. Na imagem dá pra ver como o rio aumenta de largura após passar por Ville de Québec. Provavelmente esse deve ser um dos motivos da ventania em Québec que vem do oceâno e que não atinge tão fortemente Montréal. 
- Jacques Cartier foi o primeiro europeu (ele era francês) a descrever e mapear o Golfo de Saint Laurent e as margens do Rio Saint Laurent. Foi quem nomeou o país de Canadá (Kanata), mas isso é assunto pra outro post. O que soubemos é que em uma de suas viagens Cartier chegou em Hochelaga (na Ilha de Montreal) confiante, achando que se fazendo de curandeiro entre os nativos poderia descobrir o Caminho das Indias, mas acabou pego de surpresa por um inverno que não era o da França, com os navios presos no rio congelado e tendo que ser curado de escorbuto com a medicina dos nativos. Ou seja, por mais que estejamos preparados para a imigração, sejamos sempre humildes. Para um imigrante, o primeiro inverno deve ser bem marcante, um renascimento mesmo.  

Aquecendo
Importante lembrar que apesar de parecer uma "fria" ir pro Canadá, estamos falando de um país super estruturado pra aproximadamente 4 meses de neve e muitos meses de frio. Todos os ambientes tem chauffage, inclusive os pontos de ônibus. Com a roupa certa e morando perto de mercados, escolas e meios de transporte, há quem diga que passa muito mais frio debaixo da coberta no Brasil do que no Canadá. Uma dica preciosa que recebemos é que nem todos os imóveis tem uma boa vedação pra que você se mantenha aquecido dentro de casa. O problema é que se você não visitar o imóvel a ser alugado/comprado no frio, não tem como saber sobre a vedação. No inverno, a casa precisa de aquecimento todos os dias,  no mínimo de dezembro a marco para manter a casa em pelo menos uns 10°C,  caso contrário, além se sentir muito frio, você corre o risco de ter os canos congelados e estourados. Dizem que quem não tem chauffage inclusa no valor do aluguel, leva vários sustos quando chegam as contas. Mas tem uma vantagem: se você pagar a Hidroquébec (eletricidade) separado do aluguel, você tem direito a uma visita gratuita de um conselheiro e de um técnico do programa ÉCONOLOGIS, eles fazem parte do Vivre en Ville que é um organismo mantido pela "Agence de l'efficacité énergétique" que criou este programa.  Nessa visita (que dura em média 1h e meia), eles fazem uma inspeção em todas as janelas e portas da casa, verificam a vedação, verificam até as torneiras e, se for preciso, intalam "filtros" que reduzem a passagem da água quente, trocam até o chuveiro por um mais moderno, verificam também os eletronicos e nos dão inúmeras dicas de como utilizá-los e como economizar energia. Nós, pessoalmente, achamos mais "negócio" ter essa possibilidade do que alugar um imóvel com cahuffage inclusa no aluguel no verão e com uma vedação ruim que você só vai descobrir no inverno, sem poder fazer nada até se mudar novamente.
Por outro lado, imigrar no inverno pro Canadá pode ser um pouco estressante uma vez que a sua melhor jaqueta brasileira não vai servir pra NADA lá. E chegar já tendo que correr pras lojas de roupas de frio pode custar bem caro, uma vez que no verão você encontra peças boas pela metade do preço. 

Aqui alguns posts sobre vestimentas adequadas pro inverno rogoroso quebécois:

Danger sur la neige
Mas a neve tem chatices maiores...e perigosas. Pelo que ficamos sabendo até agora, todos os proprietários (inquilinos não) devem ter suas pazinhas pra retirar o excesso de neve de frente de suas casas e é bom ficar ligado na previsão do tempo e deixar o carro na garagem ou então vai ter que desenterrar o carro da neve também. Você pode pagar um serviço pra limpar a sua fachada, parece que custa por volta de 350 dólares por inverno. Há esses tratorzinhos do governo que fazem o deneigement nas ruas e jogam a neve pra cima dos carros que estiverem estacionados. Quando a neve congela em cima, é mais difícil tirar, nesse caso é preciso ligar o motor para aquecer o interior e ir derretendo a neve congelada que fica mais dura. Sabemos de gente que mandou instalar um sistema de partida por controle remoto e gostou bastante. Nesse vídeo dá pra ver o que é neve com vento (mas notem as crianças brincando na neve tranquilamente) e como é o tratorzinho em ação:
Muitas vezes o sal que o governo joga pra derreter a neve corroe o carro, por isso, é necessário fazer um tratamento antiferrugem regularmente. Um gasto a mais que os brasileiros não tem. Só que não fica por aí, além do tratamento antiferrugem, é necessário encher o reservatório do líquido para limpar o pára-brisas com uma substância anticongelante, assim é possível remover o gelo do vidro com o esguicho. A bateria também sofre com o frio, é bom garantir que a bateria e o sistema de arranque estejam em bom estado. No Canadá nunca se coloca água no radiador (adivinha o que aconteceria no inverno), apenas um líquido especial que não congela mesmo em -40°C, o óleo pode ser o mesmo o ano todo. Mas o pior, sem dúvida, é escorregar no gelo e quebrar um braço ou uma perna, ou ainda bater o carro devido a um fenômeno chamado Verglas. Resumidamente, trata-se de água de chuva ou garoa que em contato com uma superfície com temperatura abaixo de zero, congela e cria uma fina camada de gelo. também pode acontecer da neve derreter e voltar a congelar criando o verglas. Já ouvimos que ter que dirigir em ladeiras nesses casos é BEM problemático (nossa lógica diz impossível), nesses casos o melhor é ficar em casa ou usar transporte público e quando há tempestade de neve simplesmente fica todo mundo em casa, nem ônibus passa (claro que tem os doidos que saem, mas as recomendações é para que fiquem em casa). A lei não autoriza o uso de correntes em carros de passeio, correntes podem danificar o carro e o asfalto. Apenas veículos de urgência, tratores e caminhonetes que tiram a neve são autorizados a usá-las quando necessário. Então, no Quebec é obrigatório o uso de pneus de inverno entre 15 de dezembro e 15 de março. O pneus de inverno possuem uma borracha concebida para ser mais macia mesmo no frio intenso. Nos pneus normais e dos chamados “quatre saisons” a borracha vai ficando rígida a medida que a temperaturas cai abaixo de 5°C. Eles possuem também ranhuras mais fundas e micro ranhuras para drenar melhor a neve e aderir melhor no gelo (mas claro que essa tecnologia toda tem um preço e ouvimos dizer que é bem salgado e corroe nossos bolsos). Esses mesmos pneus de inverno, no verão hot do Québec podem ficar macios demais desgastando-se rapidamente e ficando carecas em poucos meses. Existe também risco de segurança, pois em altas temperaturas eles podem super-aquecer e estourar. Mas enfim, o que acontece no Québec é que no outono são colocados os pneus de inverno e na primavera são recolocados os pneus de verão. Também ficamos sabendo que um carro comum de passeio pode rodar com mais ou menos 10cm de neve acumulada, um SUV (Sport Utility Vehicle) passa por 20cm, se for 4x4 (ou quatre pattes) talvez mais, com a vantagem de não ficar atolado na neve e não precisar de limpeza imediata pra poder sair com ele. Já freios ABS ajudam a evitar acidentes ou minimizá-los. Ao contrário do que alguns pensam, freios ABS não reduzem o espaço de frenagem, eles evitam a perda de controle do veículo. Quando há gelo na pista, qualquer pisada mais forte no freio aciona o ABS, no princípio a impressão é que o carro não vai parar, mas ele pára. Outro fenômeno típico dos países gelados é o slush. Trata-se de uma meleca feita da mistura de neve ou gelo no asfalto parcialmente derretidos, misturados ao  sal ou outro produto anticongelante, amassados pelas rodas dos carros. Fica com a consistência de uma lama e deixa o carro (e acreditamos que os calçados) todo sujo. Enfim, quem quiser morar num lugar onde há a magia do Natal com neve vai ter que comprar o pacote todo da brincadeira e entrar na dança do asfalto gelado.

Pra finalizar, um video que não poderiamos deixar de postar porque faz a gente rir e refletir sobre a imigração e a neve na vida do sul-americano deslumbrado:

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sessão Francófona - 1

Abrimos nossa sessão francófona com uma estréia de peso: um filme puramente quebécois com diálogos típicos do dia-a-dia do Québec. Como se não bastasse ser bom pra treinar o francês, o filme é simplesmente EXCELENTE. Na verdade já virou um clássico que quem já começou a jornada pela Imigração certamente já conhece. Mas pra quem ainda não teve o prazer de conhecer, apresentamos:
C.R.A.Z.Y. conta a história de Zachary Beaulieu (Marc-André Grondin), um jovem lidando com seus emergentes sentimentos homossexuais enquanto cresce com quatro irmãos e um pai conservador no Québec dos anos de 1960/1980. Muito interessante também pra entender o contexto histórico da época, onde aconteceu a Révolution Tranquille e a Igreja Católica parou de mandar no Québec. 

Mas não pára por aí: bons atores, enredo excelente e uma trilha sonora fantástica com direito a David Bowie, Pink Floyd e outros, esse filme realmente é uns dos que já ocupam nossa estante de filmes "vale à pena ver de novo". Não é a toa que ganhou vários prêmios e foi indicado como melhor filme estrangeiro no Oscar 2006.

Le Paradis Perdu

Père não foi chamado para nenhuma entrevista de la Mission. Apesar de parecer chato num primeiro momento, no fundo foi melhor. Mère ficou muito apreensiva com a idéia de Père fazer uma entrevista com um nível tão iniciante de francês. Claro que o máximo que iria acontecer seria levar um "não" na cara, mas achamos que a intenção real era apenas passar pela experiência e não a de realmente conseguir alguma coisa agora. Além disso, conhecemos algumas pessoas que não foram chamadas na primeira vez, foram chamadas mas não passaram na entrevista na segunda vez e que puderam escolher a empresa pra onde queriam ir na terceira vez. Portanto, estamos dentro da normalidade. Valeu como experiência pra montar CV e passar para o francês. Da próxima vez metade do trabalho já estará feita. Vai ser preciso só atualizar e fazer pequenos ajustes.
Voltando à vida normal, pudemos colocar a cabeça no lugar e analisar nossas possibilidades com mais calma e frieza. Vamos continuar tentando arranjar um emprego quebécois daqui, mas vamos respirar fundo e aplicar pra residente permanente também. Serão 2 anos juntando dinheiro sem poder fazer nada. E quando dizemos "nada" é rien de rien mesmo. Sem lazer, só o essencial pra sobreviver. Père tem muito medo de perder o emprego novamente e por isso tem feito muitas horas-extras. O problema é que com isso tem perdido muitas aulas de francês, mas Mère estuda com ele e ensina o que ele perdeu. É aquela velha estória: quando se quer muito uma coisa, tem que fazer por onde. Tem que dar os seus pulos e fazer acontecer. O que não dá é pra ficar sentado se lamentando pela vida ruim que leva. Temos um sonho e vamos correr atrás dele até conseguir. Sempre pensando que lá provavelmente Père e Mère poderão sair do trabalho no horário combinado e vão poder ter uma vida de verdade e não somente sobreviver como acontece no momento.
Não existe lugar perfeito, é verdade. Qualquer país, estado, cidade, bairro vai ter seus prós e contras. O canadá não foge a essa regra. Estamos investigando os dois lados da moeda porque tomar uma decisão tão séria como essa requer pé no chão. Mas é verdade também que o Canadá é apaixonante e que já temos o Québec nos nossos corações. Sabemos direitinho que quando chegarmos no hemisfério norte, a luta estará só começando, mas nunca foi nossa intenção encostar a bunda no sofá. O que queremos, como já dissemos, é lutar sabendo que colheremos os louros depois.
Acreditamos que cada pessoa tem seu paraíso na Terra. O paraíso começa dentro da gente com a vida que gostaríamos de levar, com as experiências que gostaríamos de vivenciar,  com as sensações que queremos experimentar, com os desafios que queremos superar pra sentir o gosto da superação depois. O Québec representa tudo isso pra nós. É o nosso paraíso perdido e estamos caminhando em direção a ele com o sentimento de quem está voltando pra casa mesmo. Nós nos identificamos com essa cultura, com essa natureza, com essa população. Mesmo com a questão separatista, mesmo com a depressão invernal e outros pontos que postaremos mais pra frente. Queremos tudo isso nas nossas vidas. Agora é tarde pra voltar atrás e reclamar das dificuldades que encontraremos. Nous voulons Québec! 
Viendras-tu avec nous, Étranger, 
Ou resteras-tu au sol, 
Ou resteras-tu au sol, 
Habitué, 

Il ne reste que peu de temps avant vendredi, 
Que tu partes ou tu restes, 
Tout est fini, 
Nous ne renviendrons plus... du paradis perdu, 

Au-delà de la mer il existe un pays qu'on dit impossible, 
Comme le paradis de la Bible, 
Au-delà de la mer il existe un pays presqu'aussi beau que la folie, 

Y vivent des peuples parfaitement sains, parfaitement accueillant, 
On s'y baigne toute la journée dans des chutes et des torrents, 
Et des cascades et des rivières, 
Et l'eau est aussi pure et aussi légère que l'air, 

Nul besoin de planter, 
le blé pousse à foison, attendant les moissons, 
Et à perte de vue court un animal qu'on nomme le bison, 
Les montagnes sont couvertes de moutons qu'on les dirait enneigées jusqu'au sol, 

Au-delà de la mer il existe un pays aussi beau que le paradis, 
Et les filles sont belles, 

Viendras-tu avec nous, 
Viendras-tu avec nous, 
Étranger? 

Ou resteras-tu au sol, 
Ou resteras-tu au sol, 
Habitué, 

Il ne reste que peu de temps avant vendredi, 
Que tu partes ou tu restes tout est fini, 
Nous ne renviendrons plus... du paradis perdu. 

Il y aura tout d'abord les épreuves et le vent, 
Il y aura les tempêtes, les mers d'huiles, 
Il y aura les vagues meurtrières, 
Il y aura les récifs les écueils, 
Il y aura les requins, il y aura le scorbut, les épidémies, 
Il y aura, il y aura les mutineries, 
Et plusieurs d'entre nous y lausseront leur vie, 
Y trouveront leur destin, 

Viendra-tu avec nous? 

Et puis un jour nous l'apercevrons la terre promise, 
Il faudra faire attention en accostant, 
Plusieurs se jetteront à l'est et se noieront, 
Il y aura les marais, les sables mouvants, 
Il faudra être patient, trouver l'estuaire, 
Au-delà de la mer il existe un pays aussi beau que le paradis, 
où vivent des peuples aussi doux que la folie, 

Alors en arrivant, il faudra peut-être tuer les soldats, 
Et sûrement le commandant et cet imbécile de missionnaire 
Enfin il faudra tué tout ceux qui croit en moi, 
Il faudra ensuite couler le navire et ne plus jamais revenir, 
Du paradis perdu.

Jean Leloup (cantor/compositor quebécois bastante conhecido nas terras geladas e que tem presença garantida na trilha sonora dessa nossa jornada).

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mudança de Planos

Salut, mes amis!


Ficamos um bom tempo sem escrever nada neste blog. O motivo do sumiço é que nossos planos foram quase por água abaixo. Mais uma vez, père ficou desempregado e quando arranjou um emprego um bom tempo depois, estava ganhando bem menos e simplesmente não tínhamos dinheiro para tornar nosso sonho de imigração real. Tudo que envolve o processo de obtenção de visto de residente permanente se tornou utópico de uma hora pra outra. Um verdadeiro banho de água fria. Um banho, não. Um caldo.

Para mère, ter largado as aulas de francês foi o pior de tudo. Passou semanas sem poder acreditar que aquilo estava acontecendo. Mês passado tivemos que pedir ajuda para a família pra poder pagar as contas. Isso não é só humilhante. É injusto também. Se tem uma coisa que incomoda muito mère e père é o fato de sempre estar nessa instabilidade financeira que os força a pedir ajuda vez ou outra. Mas enquanto père procurava emprego, curiosamente apareceram muitas vagas em seu e-mail para o Québec. Ao mesmo tempo, um amigo nosso que já está lá entrou em contato com père perguntando se ele teria o interesse de ser indicado pra trabalhar na empresa onde esse nosso amigo está. Mère assistia a filmes que lembram o Québec e chorava. Foi aí que entendemos o que a vida estava querendo nos dizer.

Existe sim uma possibilidade! E ela se chama Work Permit. Claro que queremos (e vamos!) nos tornar residentes permanentes. Mas está difícil juntar um dinheiro grande pra sobrevivermos até pére arranjar um emprego lá. Por isso temos (e podemos) chegar lá já com emprego e o visto de residente permanente será o segundo passo. Quanto mais tempo ficamos aqui nessa instabilidade financeira, pior é pra nós. Onde moramos é tudo muito caro. Fica difícil se planejar e juntar muito dinheiro. Mère não trabalha porque acreditamos que os primeiros anos de vida de uma criança devem ser vividos ao lado da mãe. Não é uma decisão fácil pra quem passa por grandes apertos, mas nós estamos convictos dessa filosofia de vida. Após os 3 anos, acreditamos que a criança pode ir para a escolinha sem perder tanto, mas antes disso, fazemos altos sacrifícios pra que les enfants tenham seu porto seguro intacto.

Portanto, no nosso caso, o negócio é ter o dinheiro pra aplicar o visto, pra comprar as passagens, e ir embora (falando grosseiramente, claro). Então quando entendemos o recado, as portas começaram a se abrir espantosamente. Primeiro voltamos a fazer as aulas de francês. Mère ficou feliz de novo. Foi uma idéia ousada se você pensar que père estava desempregado, mas logo em seguida ele arranjou um bom emprego como não conseguia há meses! Cada aula de francês que mère faz, alguém precisa ficar com les enfants. É uma loucura, ver quem da família estaria disponível, levar fille e garçon até a pessoa, fazer aula e depois buscar novamente. Père sai correndo do trabalho na hora do almoço, pega metrô até o professor, faz a aula e volta correndo pra empresa. Logo depois, père ficou sabendo que iria acontecer a Missão de Recrutamento de TI no Brasil e que ele tinha 3 dias pra mandar o CV! Foi uma correria pra arrumar o CV, criar uma carta de apresentação e depois passar pro francês com a ajuda do nosso professor.

Père (assim como mère) ainda não consegue conversar em francês. Acreditamos que ambos no momento ainda estão no nível básico. Se père for mesmo selecionado pra fazer a entrevista, vai ser um grande desafio. No começo pensamos que deveríamos deixar para a próxima missão no ano que vem. Mas nosso amigo que já está no Québec nos encorajou a tentar dizendo que quando ele foi fazer a entrevista também mal conseguia se comunicar em francês. Mas conseguiu a vaga com a promessa de que até terminar o processo do visto, já estaria no nível de intermediário para avançado. Então pensamos: o que temos a perder? Se não der dessa vez, tentamos ano que vem. O que não dá é pra deixar de tentar. Pra tentar bonito, mère deixou de fazer aula durante esse mês para que père treinasse para a possível entrevista com o professor durante todo o tempo disponível.

Imaginem como está a cabeça de père essas semanas. De duas uma: ou é pra gente ir rápido pra lá ou é pra gente treinar agora pra fazer bem feito da próxima vez. Pensando racionalmente, seria melhor irmos daqui 1 ano por conta do dinheiro. Mas se for pra irmos agora, vamos pedir um empréstimo familiar e pagar tudo de volta, centavo por centavo. Matar leões faz parte da vida do brasileiro médio e não vai ser diferente no Québec. A nossa esperança é de que lá não nadaremos pra morrer na praia.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Bonjour!!!

Quem vos fala é Mère e Père.  Como devem imaginar, temos dois enfants: la Fille e le Garçon.  Já sonhávamos em emigrar para outro país, mas muita coisa foi acontecendo e o sonho foi sendo postergado. Dessa vez resolvemos pagar pra ver e registrar toda essa empreitada através desse blog. Desde o começo de 2011, Mère vem demonstrando grande insatisfação pela vida no Brasil e Père tem enfrentado muitas dificuldades pra se manter num emprego, pagar as contas e garantir o pão de cada dia na mesa. Então, um ano depois, exatamente entre o Natal e o Ano Novo, a decisão foi tomada em conjunto e 2012 já começou cheio de pesquisas sobre o Canadá e mais precisamente a Província de Québec.

O objetivo principal do blog é retratar a nossa realidade, a nossa experiência sem florear nada. Mesmo sendo um blog bem intimista, preservaremos nossas identidades por uma questão de privacidade e pra que nos sintamos à vontade pra dizer o que exatamente sentimos e pensamos. Voltando às apresentações, temos uma chienne. La chienne é apegadíssima a Mère e por isso nossa primeira intenção é leva-la conosco para o Canadá. Dizemos que ela é a nossa grande companheira. Tem passado por todas as dificuldades junto com a gente e por isso não pretendemos deixa-la fora dessa.


Ok, apresentações e considerações feitas, vamos a mais alguns detalhes que concordamos em divulgar a vocês que irão nos acompanhar:
Père trabalha com Técnologia da Informação(TI) há 8 anos. É consultor e sua especialidade é desenvolver softwares de acordo com a necessidade dos clientes na plataforma Microsoft .Net.


Mère é enfermeira, mas parou de trabalhar pra cuidar de Fille e Garçon. Temos um pouco de insegurança com relação a isso já que quando aplicarmos para a obtenção do CSQ, ela estará há praticamente 5 anos sem trabalhar, mas o que nos traz confiança é a pontuação que justamente Fille e Garçon nos darão no processo.


Existem inúmeros motivos para esta decisão tão importante de sair do nosso país e morar em outro lugar, com outra cultura, outra língua, outro clima, etc.  Pretendemos tratar de cada motivo em um post porque não é uma decisão nada simples pra nós. Não temos dúvida do que queremos, mas foram pesados prós e contras e a balança pesou mais pro lado dos prós, claro. Não só em relação ao país em que vivemos, mas principalmente em relação ao que esperamos de um país. Acreditamos que mais importante do que dizer que o Brasil tem problemas é entender o que o Canadá (ou seja lá que país você adotar) tem a te oferecer.  Problemas todos os lugares tem. Mas nós acreditamos que encontramos o país que mais combina com a nossa personalidade e os nossos valores.

Só a língua francesa (no caso de Québec) que realmente não estava nos nossos planos, rs. Nunca haviamos nos interessado por  francês.  Mas já que é a língua oficial da província, aí vamos nós. Então depois de ler bastante a respeito, resolvemos que para nós, o melhor seria contratar um professor particular canadense e assim fizemos. Faz 1 mês que começamos as aulas e descobrimos que gostamos da língua, o que é um bom começo! Foi também nosso primeiro contato com um canadense. Ele não é quebecois, mas é de Ottawa, cidade de Ontario que faz fronteira com Montréal, no Québec. Gostamos muito dele, aliás, parece que canadenses, costumam  ser muito agradáveis e gentis mesmo. Mère tem mais facilidade com línguas e teoricamente tem mais tempo. No entanto, estudar com Fille e Garçon exigindo atenção e cuidados o tempo todo não é mole não.  Haja capacidade de concentração e força de vontade! Mais pra frente, queremos ter algumas aulas com uma professora quebecoise para preparar melhor Mère (que será a requerente principal) para a entrevista.


A Bientôt!