quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tabela de pontuação 2013 e afins!

Vocês gostam de assunto tenso, então vamos a ele! Nesse link vocês podem baixar todos os documentos referentes às informações e pontuação do processo de imigração 2013.

Promessa é dívida! Vamos conversando, ok?

Bonne chance à tous!

Atualização: Pessoal de TI, fiquei sabendo que hoje na palestra perguntaram para a Perla por que TI não é prioritário se tem tanta necessidade quanto enfermagem, a Perla disse que isso está sendo revisto e é uma das mudanças que pode acontecer depois de julho. Fiquem ligados!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sessão Francófona - 4

Vamos esfriar um pouco a cabeça depois das divulgações oficiais sobre imigração? 

Nesse final de semana, assisti a um filme quebeca bem estilo thriller. Me surpreendi com o filme. Cheguei a ter um pesadelo, inclusive. Não que o filme seja perturbador, mas acho que eu não estava esperando muito dele e por isso me impressionei mais. O que eu mais gostei foi a pegada cômica do filme. É sutil, inteligente e bem estruturada. O que acontece é que como expectador, você se depara com algumas cenas absurdas diante de uma estória de suspense e fica tudo tão bizarro que chega a ser engraçado em algumas horas.

Em  5150, rue des Ormes, o personagem principal é o Yannick (Marc-André Grondin, mais uma vez, não me xinguem). O cara cai da bicicleta e se machuca. Resolve bater na casa do Dr. Beaulieu pedindo ajuda e acaba sendo trancafiado em um dos quartos da casa. Beaulieu é um psicopata que acredita poder livrar o mundo de todo mal e um jogador de xadrez fanático que nunca perdeu uma partida. O nome do filme faz referência a "Elm Street" do filme "A hora do Pesadelo", mas a homenagem pára por aí. Na realidade, o filme começa prometendo bastante, passa por um período meia-boca, mas no fim dá uma melhorada, principalmente pela atuação do MA Grondin e suas caras que deixam o filme tragicômico muitas vezes. 

Sinto que por essa pegada, o filme foi incompreendido pela maioria. Típico de filme cult, aliás. Eu mesma fui assisti-lo porque li uma resenha dizendo que o filme era engraçado e de fato é. Eu só não sabia que era beeem violento também. Mesmo assim, acho que o final poderia ter sido um pouco melhor. um filme que tem um molde tão diferente do que a gente está acostumado, acabou terminando, assim, meio clichê de filme americano, na minha opinião. De qualquer forma, é um filme que eu classifico como legal de se assistir. Gostei! Principalmente porque Beaulieu propõe um desafio a Yannick: se ele ganhar uma partida de xadrez, será solto. Mas além de ter sua vida literalmente em xeque, Yannick tem mais uma preocupação: Michele, a filha de Beaulieu, e que aparenta ser ainda mais perigosa que o pai.

A trilha sonora do filme também é bacana, tendo como música principal a "le tout-puissant " do Malajube (banda quebeca). A letra é meio sinistra, assim como o filme. Eu curto bastante essa banda. Segue abaixo a música do filme:

sábado, 23 de março de 2013

Novidades no Processo de Imigração (palestras)


Salut, mes amis! 

Poisé, fui às palestras de imigração. Sim, palestraS. Porque, como alguns já sabem, dessa vez resolveram fazer algo inédito: uma palestra só para enfermeiros. Antes de mais nada, se atentem à data desse post e sempre procurem pelas informações mais atuais nos sites oficiais.

Nos inscrevemos nas duas pra poder comparar o que seria dito em ambas, mas Père recebeu um aviso falando que ele não poderia ir na de enfermagem, que os inscritos seriam identificados na porta e que caso ele fosse, seria barrado (afão!).

Mas ok, lá fomos nós na primeira palestra. Quem está proferindo as palestras é a Perla Ivonne Haro Ruiz, assessora do Ministério de Imigração do governo do Québec no México. Em outras palavras: ela é a garota-propaganda contratada pelo Québec pra vender o peixe da imigração. 

Na palestra tradicional, ela começou simpática, mas foi mudando. Leu slides com o mesmíssimo conteúdo das palestras do ano passado e depois dizia: "não quero ouvir essa pergunta no final da palestra". Até aí, o pessoal achou graça e tava tudo tranquilo.  Foi uma palestra superficial, bem menos detalhada do que costumava ser. A impressão que dava era que ela estava com pressa pra ir embora. Então foi toda aquela ladainha de que o Canadá é um país aberto para imigrantes, que você tem um lugar no Québec, que o Québec tem o menor índice de criminalidade, que eles precisam aumentar a população, blá, blá, blá...que a temperatura pode chegar até -30°C (quando a gente sabe que pode chegar até -45°C), e aí uma pérola (a pérola da Perla): "o processo de imigração pode durar até 12 meses cada etapa. Por isso, avaliem se vocês estão dispostos a esperar por esse tempo". Tive que dar risada. Como assim ATÉ? "Até" pra mim significa o máximo de tempo. Um casal que deu entrada no Provincial em dez/2011 levantou a mão no final e comentou que não viu o CSQ até agora e que não foi chamado para as entrevistas que tiveram agora em março. Resposta da Perla: "liga no escritório", casal: "já ligamos várias vezes e só nos pedem pra aguardar", Perla: "é que uma semana de entrevistas foi pouco. Aguardem." Porque, né, não basta ser brasileiro, tem que ser sacaneado até pelo governo do Québec. Mas, enfim, marketing é marketing. 

O QUE MUDOU DE FATO?
- O esquema de pontuação continua o mesmo. Profissionais que estão na lista de 6 pontos ou de 12 ou 16 pontos podem aplicar para o processo. Em abril haverá uma mudança nessas listas, mas não será pra tirar nenhuma profissão, apenas acrescentar outras.
- Eles continuam avaliando os mesmos critérios (diploma, experiência, idade, língua, estadia e família no QC, cônjuge, oferta de emprego, filhos, autonomia financeira) e continua sendo uma avaliação baseada na pontuação.
- Filhos: continua a mesmíssima coisa. O pessoal do Canadá para Brasileiros havia especulado que muita coisa iria mudar no processo de Québec e que filhos já não teria tanto peso na avaliação. Ledo engano, continua dando uma bela pontuação.
- A simulação do site ta errada. Se quiser saber se há chances de aprovação no processo provincial, deve se basear na cartela que ela passará para os inscritos e que eu vou disponibilizar aqui assim que eu recebê-la por e-mail.
- Segundo a Perla, quem atingir a pontuação mínima (solteiro 49 pontos, casal 63 pontos), recebe o CSQ em casa agora (aham) e quem não conseguir, faz a entrevista (e quem tiver algum documento perdido no escritório de imigração também, né)
- A novela dos documentos foi esclarecida: Perla colocou a culpa nos aplicantes dizendo que eles não entenderam o que era a "cópia" descrita no formulário-Checklist e explicou que tem que ser uma cópia emitida pela instituição que enviou a primeira via. Em outras palavras: você tem que pedir segunda via de tudo que conseguir. No caso do diploma, eles aceitam uma cópia simples com carimbo da faculdade. E sabe por que não avisaram isso antes? Nem eu. Ela também sugeriu que mandasse a carteira de trabalho como comprovação de experiência e eu me pergunto: e se perderem minha carteira? 
- Ela sugeriu que colocasse junto ao dossier nosso CV em francês. 

No final da palestra, quando abriu espaço para perguntas, deu uma bronca no pessoal que estava conversando entre si. Me senti no jardim de infância. Disse que quem estava conversando que se retirasse da sala e que ela não estava conseguindo ouvir a pessoa que estava do lado dela falando no microfone por causa dos cochichos. E que ela não queria ouvir perguntas repetidas. Claro que cochicho é meio chato, mas não tava uma zona generalizada pra ela ter tido essa reação. Achei um pouco "over". Mas como todos nós temos nossos dias nebulosos, resolvi esperar a palestra para enfermeiros pra ter uma idéia melhor sobre ela.

A PALESTRA PARA ENFERMEIROS
Père não foi comigo na palestra acatando o aviso do Ministério de Imigração, mas tinha gente lá que não era enfermeiro (brazilian way mode on). Aliás, tinha um cara lá que eu não sei o que foi fazer lá, já mora no Québec e é casado com uma québécoise! Mas, enfim...Realmente eles pareceram bastante desesperados por enfermeiros. A Aliança Francesa vai abrir um curso de francês voltado pra enfermagem ensinando os termos técnicos em francês, provavelmente porque perceberam que os enfermeiros são uma fatia gorda desse bolo imigracional nos próximos anos. Dessa vez a Perla estava mais simpática e disse que o interesse no enfermeiro brasileiro é muito grande por se inserir mais rapidamente no mercado de trabalho devido à formação muito similar à do Québec e facilidade pra aprender o francês (só omitiu que os franceses também têm essa facilidade, inclusive sem precisar validar o diploma e ainda por cima já falam francês, obviamente). Mas pelo jeito a carência é enorme. Ela passou uma tabela que dizia que em 2008 o déficit de enfermeiros era de 2108, agora em 2013 é de 5843 e a previsão é que em 2015 seja de 7822, mesmo se conseguirem um número bom de imigrantes por causa daquela história clássica: a população está envelhecendo e os enfermeiros estão se aposentando.

No drama da duração do processo de imigração, novamente a Perla comentou que cada etapa duraria até 12 meses, mas sugeriu que enfermagem costuma durar menos. Ela jogou no ar "6 meses" mas não quis prometer (e a gente sabe bem porque).

Outra coisa interessante e que me surpreendeu é que, segundo a Perla, a enfermagem québécoise incentiva a especialização, principalmente em cirurgia, cardiologia, pediatria, maternidade e queimaduras. Eu pensei que, mesmo o enfermeiro sendo mais autônomo lá, ele seria mais generalista. Fiquei meio perdida em como seria essa especialização, se é como aqui ou se seria como um mestrado ou algo do tipo e principalmente se o mercado exige especialização como aqui. Ela não sabia essas informações, são específicas demais. Ela também passou que a média salarial do enfermeiro lá é de CAN$41.000,00 a CAN$73.000,00. Será que uma enfermeira recém-chegada e recém-passada na prova da OIIQ ganharia isso mesmo? Carga horária: 36 horas semanais. Geralmente, um profissional qualquer no Québec tem direito a 2 semanas de férias e 8 dias de feriado pagos ao ano. Perla disse que os enfermeiros têm direito a 4 semanas de férias. A questão da avaliação da OIIQ, segundo Perla, continua a mesma: melhor já pedir avaliação quando entrar no processo federal (o processo com a OIIQ esta levando + de 1 ano, então é sempre bom chegar lá já com o OK da OIIQ em mãos) e se tiver experiência suficiente e recente, faz estágio de 30 a 60 dias na Província. Se não tiver experiência suficiente ou recente, faz curso de adaptação de 5 meses pago pelo Ministério da Imigração (sei que esse detalhe parece meio diferente, de fato eles estão facilitando as coisas pros enfermeiros entrarem logo no mercado de trabalho). Pretendo fazer um post só sobre a OIIQ.
errata (agradecimentos a La vie est belle): 
Não há *especializaçao* como nos moldes brasileiros.
O que acontece é que os profissionais trabalham por anos em determinadas áreas e dai ficam experts em seus campos de atuação.

A OIIQ autoriza o DESS em infecçao hospitalar (diploma de estudo superior especializado) e os mestrados, com exceçao do mestrado IPS, sao para formar enfermeiros cadre, conseil, etc.

a fonte oficial para informaçoes sobre enfermagem é sempre a OIIQ, é triste ver que os profissionais do proprio QC sao meio *perdidos* no assunto

Na realidade o processo de equivalência com a OIIQ pode ser de 6 meses a 2 anos, dependendo da recomendação da ordem.

A Novidade: Recrutement Santé Québec (RSQ). O Ministério da Saúde e dos Serviços Sociais do Québec criou esse órgão para orientar sobre o mercado de trabalho na área da saúde e apoiar os profissionais imigrantes na procura de emprego. Sugeriu que entrássemos em contato com esse órgão na etapa federal.

No fim, ela simulou a contagem de pontuação com algumas pessoas e deu pra eu fazer uma idéia de qual seria a nossa pontuação. Fiquei animada com isso, pois pra dar entrada no processo não precisaremos de um nível muito alto em francês. Na realidade, com zero de francês a gente já ultrapassaria a pontuação necessária, mas o mínimo de francês é necessário, claro. Não tenho problema com a língua, adoro estudar francês (paixão que eu não descobriria se não fosse Québec), mas eu preciso correr contra o tempo devido meu diploma ter mais de 5 anos e minha experiência estar chegando aos 5 anos, como eu comentei anteriormente. Ah, e ela deu a bronca no pessoal que cochichava novamente (mas dessa vez mereceram). A bichinha é brava!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Vous voulez manger de la Poutine?

Não é receita não, mes amis. É um restaurante mesmo, ou melhor, uma poutinerie aqui no Brasil! Pena que ainda é somente para os paulistanos. Minha prof quebeca não só aprovou como ainda disse que é mais gostosa do que a poutine do Québec (cumassim, prof!). Poisé, existem algumas variedades e as batatas não são aquelas já prontas pra fritar. Um diferencial que torna o prato mais atraente e natural. A prof comeu uma porção sozinha, mas jura que dá pra dois. Deve ter sido a saudade. Mas assim, é o preço de se comer num Mc Donald's, só que é um pedacinho de Canadá na sua boca! Então pra quem pode, acho uma ótima dar um pulo lá. 

Aliás, hoje mesmo descobri aqui perto de casa uma escola canadense. Estava passando em frente quando dei de cara com um ursinho fofo segurando a bandeira canadense. Moro no bairro há anos e nunca tinha enxergado a bendita escola! Incrível como nosso cérebro só presta atenção nos que nos interessa. Fiquei pensando que deve ter mais coisas aqui em São Paulo referentes ao Canadá e nem nos demos conta delas ainda.

MA Grondin em L'affaire Dumont
Vai ter a Fête de la Fracophonie no Sesc. Só não vou porque já assisti os filmes que vão passar (em breve novas resenhas), principalmente "Rebelle" que inclusive ganhou a Jutra (Oscar québécois) de melhor filme, fora outras categorias. Mas calma, falarei dele num outro post. Acompanhei a Jutra em tempo real torcendo pro Marc-André Grondin ganhar como melhor ator no filme "L'affaire Dumont" (belo filme também), mas não foi dessa vez. Sou fã dele desde que fez C.R.A.Z.Y. que inclusive ganhou o prêmio "coup de coeur" da Jutra que se não me engano seria tipo o melhor filme quebeca dos últimos 15 anos. 

Não é à toa que eu sou fanzaça desse filme e seus atores. Não é à toa também que Michel Coté (que fez o pai de MA Grondin em C.R.A.Z.Y.) foi o grande homenageado da noite. A homenagem em si foi meio bizarre, com uma música esquisita, mas o discurso dele foi excelente, inclusive citando a esposa e a agradecendo. Muito bonito, mesmo. Fazer o que, sou apaixonada por esse povo e sua terra gelada. A prof mesmo, dá vontade de levar pra casa de tão fofa. Aliás, hoje o dia foi ótimo, fez frio pela primeira vez em MESES (to de meia enrolada no cobertor, nem acredito!). Melhor que isso só se continuasse o friozinho e esses quebecas todos viessem na minha casa comer Poutine comigo. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vergonha de ser brasileira

Olá, amigos! Como vocês estão?

Há dois dias fui à aula de francês, como de costume, e minha prof quebeca estava muito nervosa. Geralmente ela é um amor, mas entrou na sala visivelmente alterada e demorou alguns minutos pra se recompor. Ela nos contou que passou o dia todo no ministério da fazenda depois de ter sido submetida ao famoso "ping-pong", onde funcionários públicos ficam te jogando de departamento em departamento e ninguém resolve seu problema. O problema dela é que escreveram o nome dela errado em algum documento importante e, adivinhem: ELA  vai ter que pagar pra refazerem a burrada. Enquanto isso, não acham a minha pasta do precatório lá no fórum. Aquilo é uma ZONA! Meu processo tem 3 pastas com o nome das pessoas (formamos um grupo para processar o governo). A pasta 3 foi achada e meu nome não está lá. Agora falta achar as pastas 1 e 2. A tal pessoa que está indo (quase todos os dias) no fórum pra mim ainda contou que fica somente uma pessoa no fórum pra atender todos os advogados. Entramos em contato com um outro advogado especialista em precatórios que nos contou que como tudo aqui no Brasil é difícil e quase impossível pelas vias corretas, há grupos que por um valor bem salgado (por volta de R$4000,00) têm acesso privilegiado a documentos e informações. É o jeitinho brasileiro que, infelizmente, às vezes é necessário nesse país. Ainda não "acionamos" esse grupo porque não temos a grana e preferimos insistir um pouco mais nas vias legais antes de apelar pra medidas que não condizem com os nossos ideais. Vamos ver quais serão os próximos capítulos dessa novela.

Semana passada, a tia Dilma (já de olho nas eleições de 2014) anunciou a desoneração de impostos federais nos produtos da cesta básica. O interessante é que até agora a maioria desses produtos não só não abaixou o preço como AUMENTOU nos supermercados. Dentre os produtos que ficaram mais caros, segundo a Folha, estão batata, manteiga, sabonete e carnes em geral. A batata não vejo tanto problema, apesar de ser um direito. Mas carne, ovos, manteiga encarecerem é um atentado à saúde dos brasileiros que passam a consumir cada vez mais pão e macarrão. A jogada, pelo que percebo, é jogar a culpa para os supermercados (que estão transformando a desoneração em margem de lucro) porque o que faz o preço baixar de verdade é a concorrência. Enquanto houver nego achando normal gastar  mil reais na compra do mês (porque aqui com a inflação a gente tem que fazer compra de mês), os supermercados vão enfiar a faca. Sem falar no cartel que existe, deixando o consumidor praticamente sem saída. Aqui nesse país, ninguém se interessa em baixar o preço pra lucrar com o aumento nas vendas. A regra do mercado brasileiro é tentar obter o lucro total com poucos produtos vendidos. Por quê? Não faço a menor idéia (e eu vou morrer escrevendo "idéia" com acento).

Só no dia de hoje pela manhã, eu já li duas notícias lamentáveis na área da saúde. A primeira foi que mais uma criança que morreu por ter sido administrada uma substância errada por via endovenosa. Minha avó diria que essa notícia já está virando "carne de vaca", mas hoje em dia, carne é artigo raro no prato do povo brasileiro, então eu diria que essa notícia já virou salgadinho. É, sabe tipo cheetos? Então. Todo dia nas ruas, no metrô, por volta das 18h, onde as pessoas já deveriam estar em casa jantando...poisé. De 10 pessoas, pelo menos 4 estão comendo essa porcaria. Daí eu fui ver o preço disso no supermercado: R$3,00 em média. Mas quanto custa uma bandejinha com 4 bifes? R$4,00. Ta bom, uma coisa mais prática, atum: quase R$5,00 a latinha. Na cabeça conformada do brasileiro, o negócio é encher o bucho de porcaria pra enganar a fome mesmo e mais tarde ganhar um diabetes totalmente grátis. O problema vai ser se submeter ao SUS. Nesse mesmo hospital onde a criança morreu, (alô!) onde tem criança internada, não tem UTI. Legal, né! Não prestaram primeiros socorros na criança a tempo e ainda foi preciso transferi-la pra outro hospital que tivesse VAGA na UTI (porque nem todos tem, sacomé...). Se no Québec falta profissionais, aqui falta tudo, inclusive vergonha na cara. A outra notícia é referente a uma idosa que, também internada, foi presenteada com proteína-extra em sua "apetitosa" refeição hospitalar. Poisé, a neta dessa senhora achou uma larva no meio da gororoba. Agora imagine você, sem poder escolher pra que hospital quer ir, dependendo totalmente do governo que deveria te dar o mínimo de decência depois de ter contribuído com a sociedade durante uma vida inteira, ser submetida a uma nojeira dessas. Mas o problema não parou por aí: contrataram uma acompanhante ou auxiliar de enfermagem (não sei ao certo) pra dar a atenção que a senhora merece e não tem no SUS e quando essa profissional levou a idosa para o banho, a neta foi arrumar o leito e adivinha: o pé da cama já podre de tanta ferrugem, se desintegrou. Isso é tão comum, mas tão comum aqui nesse país (enfermeiros e outros prof da saúde, confirmem aqui nos comentários) que eu mesma ja cansei de ver inúmeros cogumelos crescendo no batente das portas e porta de box repleta de fungos. Tive também a infelicidade de ver como meu avô foi submetido a inúmeras situações humilhantes dias antes de falecer num hospital público sem o mínimo de decência. Eu mesma tive que fazer uma sopa e levar ao hospital pra que ele comesse pelo menos um pouco e infelizmente foi sua última refeição. Em janeiro desse ano, o diretor de um hospital no Maranhão, pediu doações de alimentos pela internet. Sem essa doação, os pacientes passariam fome, tamanho é o desvio de verbas. Porque os impostos continuam gigantescos! "A nutrição faz parte de qualquer terapia de tratamento médico. A nutrição é como se fosse um medicamento. Você deixar faltar comida é como faltar um remédio ou muito pior que isso: deixar faltar dignidade ao ser humano", disse muito bem dito, o tal diretor. 

Enquanto isso, tia Dilma (de olho na re-eleição), reduz a conta de luz. Porque, né, antes poder assistir a novela comendo lixo do que um jantar de requinte à luz de velas. Por falar em novela, outra medida muito "interessante" foi a criação do bolsa-novela para que todos tenham aparelhos digitais em suas casas. É muita chiqueza! Afinal de contas, o conteúdo televisivo é o que "instrui" a população brasileira, uma vez que temos escolas sucateadas e professores mal-pagos. Mas isso não é novidade, certo? O objetivo desse post é somente desabafar mesmo. É o desabafo de uma cidadã que se sente uma E.T. nesse país. Porque eu confesso: tenho VERGONHA de ser brasileira. 


sábado, 9 de março de 2013

Alfa Rococo

Existem alguns músicos québécois que nós aprendemos a gostar. Um deles é a dupla Alfa Rococo, composta por Justine Laberge e David Bussières. É um pop suave, bacana pra ouvir com os amigos ou enquanto está fazendo alguma coisa e precisa de uma trilha sonora agradável. Pra quem está aprendendo francês (de preferência québécois), melhor ainda.

Selecionei 2 clipes pra apresentar a dupla pra vocês:

Chasser le Malheur

Rêve Américain

quarta-feira, 6 de março de 2013

Em busca da felicidade - parte 1: aguardando respostas

filme "Em busca da felicidade" – "The Pursuit of Happyness" (2006)

Eu nunca gostei de morar no Brasil. Nunca. Não me identifico com as músicas, as comidas, as novelas, o futebol, nada. Acho o calor insuportável. Nasci no país errado, definitivamente. A única coisa que eu aprecio verdadeiramente (além da minha família e dos amigos) são as praias. Mas como eu não gosto muito de torrar no Sol e de me sujar na areia, quando vou a praia, fico meia hora e já me dá aqueles 5 minutos de querer ir embora. Ninguem gosta da corrupção, mas muita gente esquece dos problemas quando chega o carnaval. Eu detesto o que o carnaval brasileiro se tornou. Tenho nojo do horário político, acho voto obrigatório um absurdo. É muita coisa mesmo, eu ficaria horas falando de tudo que não gosto no Brasil, como a lei do inquilinato, o fato de sermos obrigados a pagar não só o aluguel, como o condomínio e bancar toda manutenção do imóvel dos outros (diferente do Canadá que tem até um telefone pra você reclamar, caso o dono do imóvel não mande alguém pra arrumar o que estiver precisando).

Mesmo assim, eu não havia pensado seriamente em sair do país até ter meus filhos. É uma coisa muito difícil quando seu filho precisa de algo e você não pode dar. Veio aquela vontade grande de dar tudo que eles merecem, de lutar para que eles sejam felizes, livres. Pais são mendigos do sorriso de seus filhos. Fazemos o que for preciso pra vê-los felizes e todo o resto é secudário. Não quero que eles escolham uma profissão pensando em sobreviver. Quero que possam viver com dignidade fazendo o que gostam e aqui no Brasil isso é difícil de acontecer. Quase como ganhar na loteria. Mal posso imaginar como vou ficar preocupada quando sairem com os amigos de madrugada nessa violência toda. Também fiquei pensando que não quero ser um peso pra eles quando ficar velha. Quero que me visitem quando sentirem vontade e só pra nos abraçarmos e darmos risadas. Me lembro do dia em que minha mãe implorou pra que eu terminasse a faculdade com medo que eu não conseguisse sobreviver sozinha. E agora, quantas vezes temos que nos sacrificar pra que nossos filhos tenham roupas, sapatos comuns sem nenhum luxo. A mulher brasileira não tem o direito de ter filhos e cuidar deles quando ainda são muito pequenos. O machismo brasileiro mudou de forma, mas continua forte. Fui humilhada no trabalho quando engravidei. Agora trabalhando fora, temos dupla jornada e ficamos longe dos nossos filhos por 10 horas. Sem escolha. Quem se recusa a isso e escolhe os filhos como eu, paga um preço muito alto. Eu tenho pago. Não me arrependo, mas tem sido muito duro. Quase um castigo por ter deixado a carreira de lado por 4 anos pra formar cidadãos (meu maior pecado).

Essa vontade de dar o que eles merecem foi crescendo e a sensação de inadequação no Brasil também. A desigualdade social nesse país é uma das maiores injustiças que eu já presenciei. Como enfermeira, é duro ver que idosos que sofrem no SUS sem direito nem a um travesseiro, uma refeição decente, papel higiênico, um dia foram trabalhadores que suaram muito pra dar o mínimo pra seus filhos. Pessoas que contribuiram com seus impostos e não receberam nada em troca. E eu me pergunto: cadê a meritocracia? Dizer que pra conquistar as coisas basta correr atrás e vencerá por seus próprios méritos, nesse país, é uma mentira deslavada. Agora está tendo um boom imobiliário no Brasil. Os aluguéis estão absurdos e os imóveis à venda estão completamente fora da realidade. O custo de vida tem ficado cada vez mais impraticável. Ainda me lembro de quando um pastel de feira custava 1 real. Mas quantos conseguem sair desse circo e escolher um lugar mais justo pra viver? Poucos.

Nós, por exemplo, só temos uma esperança e essa é a terceira notícia que eu queria compartilhar com vocês: estou para receber um precatório, uma dívida que o governo do estado tem comigo há mais de 10 anos. O valor realmente é bem alto. Daria pra custear todo processo de imigração duas vezes. Sem isso, vai ser muito difícil para nós (eu diria impossível) obter todo dinheiro da imigração. Queríamos imigrar justamente porque nossa vida tem sido muito difícil aqui, mas olha que ironia: o motivo que nos faz querer ir embora é o mesmo que nos impossibilita. Perdemos muita coisa: carro, apartamento, etc. O dinheiro que Père recebe só dá pra pagar as contas e não conseguimos guardar dinheiro. Nem pagar escolinha, não dá. 

Então, uma pessoa muito íntima minha ficou de averiguar o processo do precatório pra mim no fórum. Geralmente você leva quase 2h na fila pra ser atendido e eu com 2 crianças pequenas teria sérios problemas em me deslocar de ônibus até lá (não sou preguiçosa, mas o local é muito longe da minha casa e quando você está a pé com 2 crianças muito pequenas que querem colo toda hora, algumas coisas ficam impraticáveis). Enfim, a pessoa foi lá inúmeras vezes e cada dia a notícia era diferente. Teve até um período onde não se achava minha pasta do processo. Passei muito nervoso. Mas as últimas notícias é de que o pagamento já foi aprovado e algumas pessoas já receberam. Estão pagando quem é prioritário (idosos, deficientes) e quem tinha uma quantia menor a receber. ou seja, estou na fila, mas um dia meu pagamento sai.

Mas que dia? Esse vai ser o próximo capítulo. Amanhã essa pessoa, juntamente com uma advogada da minha família, vão até o fórum ver se consegue descobrir a data do pagamento e o valor correto. O problema, como eu já mencionei antes, é que eu precisaria aplicar ainda esse ano por causa da experiencia profissional. Eu e minha família estamos presos nesse país, assim como muitos. Faz mais de 10 anos que eu espero pelo pagamento desse processo. Mas se o meu pagamento não sair esse ano, terei que pedir um empréstimo pra alguém e quando o precatório sair, eu pago a pessoa. É o meu plano B, que eu quero evitar ao máximo por saber que seria um pedido no mínimo indecente de se fazer a alguém, visto o valor alto a ser emprestado. 

Existe uma única pessoa na família que talvez pudesse me ajudar com empréstimo. Mas eu me sinto tão mal em fazer esse pedido que pedi que minha mãe conversasse com a pessoa antes. Sinto até vergonha porque parece que não sou capaz de resolver meus problemas sozinha, mas pra mim ainda depender dos outros pra ser alguem na vida é vergonhoso e humilhante. Coisas que só o Brasil faz por você. Em breve vou saber a resposta do precatório e da pessoa e isso vai definir o meu futuro e o futuro dos meus filhos. Por isso, agora ta meio difícil de controlar a ansiedade. Dias atrás, tive uma crise. Só a professora de francês (fofa demais) conseguiu tirar um sorriso do meu rosto. Eu só chorava. Acordo na madrugada pra tentar achar uma saída.

Caso a pessoa me dê um sonoro "não" e o precatório não saia esse ano, meu plano C é voltar a trabalhar pra ter novamente experiência na área e esperar o precatório sair. Eu já comentei que não queria colocar meus filhos na rede pública daqui, mas estava realmente disposta a sacrificar a parte mais preciosa da minha vida (e da vidinha deles) pra conseguir o dinheiro pra imigrar e dar um futuro decente pra eles. Então fui procurar vagas na minha área. Quase cai pra trás quando vi que estão oferecendo mil reais para enfermeiro. Como fiquei 4 anos cuidando dos meus filhos, não fiz especialização e tenho pouca experiência. Isso quer dizer, que não vou ter dinheiro nem pra dar entrada no processo enquanto o precatório não sair.

Outra opção era Père conseguir um emprego no Québec, daqui. Mas ele não conseguiu tirar nenhum certificado ($$$) ainda e percebeu que nas vagas canadenses sempre pedem. De qualquer forma, fiz uma planilha com todos os gastos, desde o TCF até os gastos nos primeiros meses de Québec. Computei tudo. E deu mais de 50mil reais para nós que somos 4 (5 com a cachorrinha). Posso fazer um post só com os gastos depois. Eu já imaginava, mas ver o valor ali foi um tapa na cara. Foi como ouvir: "o Canadá não é pro teu bico, esquece!". Até mesmo porque, no plano C, eu vou ter que torcer muito pra ainda ter o perfil desejado pelo Québec. Vou estar mais velha e o processo de imigração vive mudando. Já pensou, gastar tempo, dedicação e uma boa grana pra ser rejeitada? Esse precatório é a minha única chance, seja lá o que eu for fazer com ele.

E por que eu estou escrevendo isso e expondo um problema tão íntimo e humilhante? Porque se você tem condições e está na fila do processo, lembre-se que é só uma questão de tempo. É claro que o processo de imigração está uma zona, claro que está havendo desrespeito e eu concordo plenamente com a revolta de todos. Mas dos males o menor. Por isso, quando o visto chegar na sua casa, sinta-se privilegiado. Tenha a certeza de que muitas pessoas gostariam de estar no seu lugar, gostariam de que o único problema fosse uma espera mais longa. 

Mas, eu tenho um plano D, caso tudo dê errado ou eu chegue a conclusão que o plano C é arriscado demais. Porque tem que haver vida além do Québec, ou então sentemos todos e tomemos diabo verde. Estou cogitando ir pra uma cidade mais tranquila no Sul do Brasil pra poder criar meus filhos na simplicidade. Vão frequentar a escola pública mesmo porque não temos como pagar um bom colégio, vamos depender do SUS e teremos que nos conformar com isso. Pelo menos vamos respirar um ar mais puro e ter uma vida mais tranquila. o problema é Père achar emprego numa cidade tranquila no Brasil. Mas eu não suporto mais viver numa cidade que preciso de carro pra ir na padaria. Dai vamos ter que nos entender aqui. O que não dá mais é pra viver como temos vivido. Nesse caso, o precatório será pra dar entrada numa casinha. Pelo menos terei onde cair morta. Mas confesso que se só me sobrar o plano D, vai ser f*oda ter que se conformar sabendo que um país de primeiro mundo está precisando de enfermeira e eu não poderei mais ir pra lá por culpa do governo do meu próprio país.

Enquanto isso, eu espero. E reflito.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Novidade #2: mudanças no processo de imigração!


Desde que o escritório de imigração foi pro México (antes ficava em São Paulo pra quem não sabe), o pessoal que já aplicou pro processo tem ficado de cabelo em pé. Acontece que do nada começaram a exigir documentos originais e as cópias autenticadas do cartório não têm mais valor (pra eles). Imaginem as pessoas que já tinham tirado todas as cópias, feito a tradução, pago a taxa e mandado via fedex. Juro, me coloquei no lugar delas e achei uma sacanagem. Deveriam, no mínimo, ter feito um comunicado oficial e só ter desconsiderado as cópias do pessoal que aplicou depois desse comunicado, vocês não acham? E aí, #comofaz? Tira segunda via ou manda o único original mesmo. E depois torce pra eles não perderem nada, senão ta todo mundo fufu. 

A novela das entrevistas
Uma tendência forte no processo é abolirem a entrevista. Pelo menos é o que eles dizem. A entrevista tem mudado um pouco de cara e propósito também. Primeiro era pra avaliar a chance de adaptação e o francês, já que não necessitava fazer teste de francês. Depois avaliava a adaptação e a autenticidade dos documentos originais, já que podiamos mandar as tais cópias autenticadas. Agora é pra avaliar a adaptação somente em pessoas que não atingiram a pontuação mínima com a documentação. Parece haver o interesse de agilizar o processo (que ta lento pra kct) pulando a entrevista, mas a etapa federal ainda tá embaçada, mesmo eles tendo reaberto o processo federal. O pessoal de 2011 está sendo convocado para entrevista só agora em março. Vamos ver se melhora. Também tenho tido notícias de que enfermeiros que fizeram o TCF e aplicaram em julho/2012, já estão de CSQ na mão e sem entrevista. Mas nem todo mundo tem tido a mesma sorte. Está um tal de perder TCF do pessoal que dá medo! Tanto esforço pro pessoal desorganizado do México perder nosso TCF. Muita gente que é prioritário e tirou nota alta no TCF, tinha a esperança de não precisar passar pela entrevista e receber seu CSQ direto via correio, mas foi chamado porque perderam seu TCF. Saudades do escritório de SP.

Chá de cadeira
Ultimamente o processo todo (provincial e federal) tem durado em média 3 anos. Há pouco tempo atrás era 1 ano em média. Imagina ficar 3 anos com aquela expectativa de uma mudança tão grande de vida! Fora os anos de francês (se bem que enfermeira eles dão uma acelerada na imigração, só que chegando lá tem que estudar quase 2 anos pra validar o diploma e fazer uma prova ferrada, queridos). Provavelmente vou passar um bom tempo apanhando no Canadá antes de me ver de scrubs coloridos num hospital legal. Por isso quando vejo propaganda da imigração como se fosse super fácil e rápido, dou risada! Isso aqui não é pra qualquer um não.

E provavelmente mais coisas vão mudar: parece que até o final de março sairão as novas regras do processo provincial. O medo é que o Québec feche ainda mais o cerco, como tem feito nos últimos tempos. De qualquer forma, estamos confiantes porque nossas profissões têm alta demanda há anos e em vários países. Por outro lado, na nossa classe, de 7 alunos, 3 são de TI, rs. A concorrência ta aumentando, galera! Semana passada, eu estava na rua e passou um casal por mim e deu pra ouvir a conversa: "ouvi falar que entrar pelo Québec é bem mais fácil". Poisé, meus amigos. Estamos todos querendo uma fatia desse bolo gelado que parece tão apetitoso. Só que é bom manter os pés no chão. Nas palestras, eles gostam de falar sobre como a população está envelhecendo, de como a mão-de-obra está escassa, mas omitem como os empregadores tem grande receio de contratar imigrante sem experiência canadense, problemas no processo de imigração, demora sem explicar o que está acontecendo, etc. Por isso é importante avaliar bem os verdadeiros prós e contras antes de se jogar nessa loucura de imigrar pra outro país. Tenho visto muita agonia e frustração no pessoal que já está no processo. Um dia você é convocado, mas parece que é conforme a vontade deles e as regras podem mudar de uma hora pra outra. Uma das coisas que mais se comenta entre os blogs é que é preciso ter muuuuita paciência e ponderar muito sobre a realidade que vai encontrar lá (será que vale a pena pra você?). E pra isso, só muita pesquisa e tempo pra digerir tanta informação. A verdade é que não pode ser simples nem tão rápido demais pra ninguém tomar a decisão por impulso e depois se arrepender. Porque, né, quem nunca saiu dessas palestras querendo imigrar no dia seguinte?! Penso que o processo de imigração é parecido com a seleção natural que originou a evolução das espécies. Quem sobrevive a ela, chega mais forte pra enfrentar a próxima etapa (que dizem ser mais difícil ainda), que é a adaptação ao novo meio. Se o processo fosse fácil e rápido, certeza que ia ter muita gente desistindo do Canadá no primeiro mês de adaptação. 

Tendências
De qualquer forma, todos os palestrantes têm orientado para que tentemos ir pro Québec com visto de trabalho no primeiro momento. Parece que essa é a tendencia daqui pra frente. Aliás, é assim nas outras provincias, se não me engano. Talvez o Québec queira, aos poucos, se equipararcom elas. Mr. leblanc orientou sobre tentar o visto de trabalho numa palestra que fomos e hoje a gente já ta vendo o porque. Deve haver mesmo o interesse do governo em diminuir o número de imigrantes esperando serem convocados e desempregados quando chegam no Québec, já que o importante pra eles é que os imigrantes contribuam com os impostos logo. Quanto mais rápido o imigrante se recolocar no mercado québécois, melhor pra todo mundo. E nada melhor do que ir pro Québec com vaga garantida. Nós já falamos sobre isso em outro post e pretendemos insistir nessa tecla. É a maneira mais segura e mais rápida de ir pra lá atualmente. Quando você consegue a vaga, leva em torno de 4 meses pra se mudar de mala e cuia pro Canadá. Uma boa maneira de conseguir uma vaga lá fora são as missões de recrutamento. A área de TI é a mais beneficiada com isso. O problema é que no ano passado, em fevereiro já se sabia que no meio do ano haveria uma missão aqui no Brasil e esse ano, até agora, nada.

Depois de 1 ano avaliando todas as questões, nós ainda queremos comprar essa briga. Mas eu não posso demorar muito pra aplicar para o processo de imigração. Nas regras atuais (na data em que esse post foi escrito) ou você tem um diploma com menos de 5 anos, ou você tem experiência profissional nos últimos 5 anos. Meu diploma tem mais de 5 anos e minha experiência profissional já tem 4 anos. Tenho que correr atrás disso esse ano ainda, mais tardar começo do ano que vem. "Mas, Mère, por que você não volta a trabalhar?" - porque eu não tenho com quem deixar mes enfants e o salário que eu ganharia não daria pra pagar escola para os dois. Me sobraria a opção da escola pública e eu estou evitando isso ao máximo por achar o ensino público, em sua maioria, um lixo nesse país (vou falar mais sobre isso em outro post pra me explicar melhor).

Bonne chance, Mère.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sessão Francófona - 3

Eu quero uma casa no campo...

Pegando carona com o post anterior (onde postei a música do grupo Kaïn, "Embarque ma Belle"), gostaria de falar sobre um filme québécois, que não é o melhor filme do mundo, mas tem uma forte mensagem sobre os ideais dos québécois. Já que a gente quer morar lá, é bom ir se acostumando com a cultura deles, né! A letra da música diz basicamente sobre um cara que está cansado de dar satisfações e ter que ouvir todo mundo dizer como ele deve agir e que convida uma moça a largar a vida na cidade pra viver em liberdade com ele no campo, sem a necessidade de dinheiro. Não sei se ainda hoje é assim, mas senti um choque cultural quando a classe achou a letra da música extremamente romântica e utópica enquanto a professora tentou explicar que há pessoas no Québec que vivem assim e que lá é possível esse estilo de vida. É importante lembrar que apesar do Canadá se tratar de um país de primeiro mundo, a Belle Province é bem peculiar e com uma zona rural muito grande.

Nos anos 70, muita coisa aconteceu regida ao estilo hippie da época. No québec, parece que isso foi ainda mais forte. Quem já estudou a história do Québec, sabe que a sociedade québécoise tem a particularidade de ter se mantido rural enquanto o resto do Canadá se desenvolvia com a industrialização. Claro que a modernidade acabou invadindo o Québec inevitavelmente, mas ficou a cultura ruralista que existe até hoje, apesar de mais fraca. Depois da opressão da igreja católica e do governo, a necessidade de liberdade e da recuperação de suas origens rurais fez com que os québécois tivessem o sonho dourado de voltar ao clima campestre. De fato, lendo entrevistas com celebridades do Québec, já vi mais de uma vez responderem que seu sonho é viver no campo, cuidando de animais e que gostam do estilo "cowboy".

Tanto a música do grupo Kaïn como o filme que vos apresento, "La Vraie Nature de Bernadette", abordam nitidamente esse ideal. Para eles, a liberdade está muito ligada à natureza, tanto no sentido rural como no sentido da natureza própria do ser humano. E sair do meio urbano, das regras religiosas e governamentais e viver de acordo com sua própria natureza remete à idéia de amor livre. 

Nesse filme, uma advogada chamada Bernadette deixa a cidade e seu marido para viver no campo. Aqui fica já evidente a idéia de que o casamento (instituição religiosa) é uma prisão sem grades (idéia explorada também no filme "O declínio do império americano"). Lá, ela conhece Thomas, um agricultor que desafiou os monopólios da indústria alimentícia (crítica direta ao sistema). No campo, Bernadette atende às necessidades amorosas – e sexuais – dos habitantes do entorno, o que inclui um deficiente físico, desprezado por todos - mas não por ela - e um trio de velhinhos até então bastante deprimidos na terceira idade.  Paradoxalmente, ela começa a ser vista como uma santa que atende aos desejos destas pessoas tão carentes, que tornam-se mais animadas para as reformas necessárias - dentro e fora de casa.  Como se não bastasse, além do amor livre, institui o vegetarianismo (prática em voga na década de 70) - o que obriga os velhinhos a comer carne às escondidas. A postura de Bernadette, obviamente, vai gerar fortes inimigos, mas alguns deles vão emergir exatamente no seio da filosofia de “paz e amor” professada por ela que, gradativamente, de santa, começa a ser interpretada como vilã e pecadora. Bernadette descobre que o campo não era tão tranquilo como pensava e através de suas descobertas acaba se deparando com sua verdadeira natureza. Vale a pena assistir a título de curiosidade e pra treinar o francês.

Bisous, Mère.

Novidade #1: francês 2.0


Salut!

O blog fez 1 ano (eeeeh!) e decidimos começar a escrever na primeira pessoa. Deixar o blog mais pessoal, informal e com os textos mais com a cara de cada um que for escrever aqui. Já é um primeiro passo rumo a revelar nossa identidade que provavelmente só acontecerá depois que estivermos no nosso destino final (sabe como é, muitos conhecidos nossos nem sonham que estamos planejando tudo isso. Se deparar com uma novidade desse porte, assim na internet, não seria legal).

Então começaremos comigo, Mère. tenho 3 coisas pra contar pra vocês, mas como são extensas, vou dividir em três posts sendo este o primeiro:


Faz 1 mês que mudamos de curso. Estávamos há 1 ano aprendendo francês com um professor particular de Ontário, mas a coisa tava indo muuuito devagar. Devagar quase parando mesmo. Ele é um amor, mas tranquilo demais, suas aulas eram sempre a mesma coisa sem muita mudança e aquela Grammaire Progressive é um saco. Essa coisa de ficar preenchendo lacuna de frases simplesmente é uma perda de tempo. Num primeiro momento parece prático já que você não precisa escrever a frase toda economizando minutos preciosos da sua vida, mas a médio e longo prazo você demora mais pra gravar as palavras e conjugações porque o segredo da coisa é escrever a frase toda! Dá mais trabalho, mas você grava mais rápido. Mas enfim, vivendo e aprendendo. Agora estamos na famosa école Québec e eu só tenho elogios a fazer! Não poderíamos ter feito escolha melhor. E eu não estou ganhando cachê nenhum pra dizer isso, rs. Como se passou 1 ano e nem saímos do débutant, recomeçamos do zero, mas no intensivo. Em 6 meses (5 agora) estaremos no intermédiaire. Fazemos redação toda semana, já fizemos uma provinha e já cantamos uma música québécoise. Aliás, a música é ótima pra aprender o sotaque e todas as abreviações feitas na pronuncia. O famoso "chuis" e coisas desse tipo.

Essa é a música que a gente cantou ontem (com a letra correta)

Agora com a letra da pronúncia pra vocês verem a diferença:


À la prochain!
Mère.